Neurolinguagem, wetware, cibernética, ficção da realidade psicanalítica e metaproximidade do real transdisciplinar pós-humano

A. Ferreira-Júnior
10 min readJun 13, 2020

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Time lapse de uma câmara de cultura de neurônios de um feto animal. Fonte: https://www.fciencias.com/2018/05/04/neuronios-de-feto-em-crescimento-video/

Sou leigo, amador e posso tá enganado às concatenações de leituras antes e depois da live-palestra valiosa sobre “Cibernética e linguagem na conversa do wetware” do Doutor Marcelo Buzato (UNICAMP) que foi transmitida na página do Instagram pela iniciativa gratuita e louvável da divulgação de conhecimento e (a) saber de qualidade do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC, às pessoas interessadas.

Tenta-se borrar delimitações conceituais por territorialização-desterritorialização-reterritorialização, retroalimentar e evidenciar zonas análogas de indiscernibilidade e distinção conceitual em linhas de códigos genéticos e binários diante o histórico de sobreposição transicional dentre os movimentos do vitalismo (séculos XVIII e XIX), mecanicismo (início do século XX) e organicismo, com o modelo contemporâneo cognitivo e biopsicossocial. Definir marcos (começo, meio e fim) de movimentos pode ser um exercício contingencial complexo. Evidenciam-se rapidamente e aqui os conceitos de seleção natural e seleção artificial como exemplificação transversal simples para o entendimento introdutório da zona de indiscernibilidade ou indistinção (léxico-sintático seleção) e da zona de discernibilidade ou distinção (vocábulos natural e artificial), características de espacialidade e temporalidade existenciais que diversificam-se de acordo com as autorias que estruturaram e as que contemporaneamente dissecam e pós-estruturam, reestruturam relações entre Natureza e Cultura. O que o movimento (neo)colonial e (neo)nazi-fascista fez e continua fazendo, através de grupos e práticas remanescentes, expressou e expressa seleção artificial desumana, sendo que o perigo habita no hábito de naturalização dessas práticas abomináveis.

Poderia o uso de signos em contextos expressar que um ente/autoria seja adepto ao mecanicismo em contraposição ao organicismo? Por exemplo, a substituição de mecanismos (analogia/metáfora) de defesa por funções (homologia) de defesa no território da psique. Eu não sou um robô e máquinas como o computador e smartphone são extensões do meu ser, corpo de carne e osso. Em determinado contexto o mecanicismo aplicado em human@s teve e tem consequências danosas à qualidade de vida de seres vivos. Organismo, órgãos e funções com equivalência sistêmica análoga à máquina, peças e mecanismos. Ou corpo humano, organismo, sistemas, órgãos e funções; corpo mecânico, mecanismo, sistemas, peças e funções? Há variações e implantes mecânicos no corpo de human@s que facilitam funções, caracterizando hibridização.

Foi na catequese que aprendi através de um livro e mediação de uma pessoa que existem as coisas artificiais (“criadas pelo homem”, por human@s) e naturais.

Teria a Mary Shelley (1797–1851) se inspirado no trabalho de Luigi Galvani (1737–1798) para criar Frankenstein ou o Prometeu Moderno (1818), romance considerado a primeira obra de ficção científica?

Há complexidade extensa no armazenamento, processamento, contratransferência e divulgação de informações, considerando a interface humano-máquina (teoria da informação), agentes e pacientes cognitivo-discursivos (interlocutores e canais comunicativos na teoria ator-rede), elevada e repercutida em vários campos de pesquisa (autômatos e machine learning), sendo que observa-se a dessemelhança entre células e encapsulamentos (compartimentalizações), estímulos endógenos ⇌ exógenos, neurônios e transistores que compõem sistemas e circuitos integrados inanimados e inorgânicos, centro ⇌ periférico, com repolarizações energéticas que estruturam impulsos elétricos físico-químicos, biofísicos e bioquímicos nervosos a partir da diferença de gradientes entre semicondutores e membranas semipermeáveis, componentes maquínicos funcionais e morfo-fisiológicos que desenvolvem e desencadeiam repertórios comportamentais, bugs e patologias através de fenômenos input e output com outros seres, lavrados recursos e condições de forças e tensões potenciais pela premissa do influxo cíclico descontínuo da atividade energética contida dentro ou fora da matéria, próximo do interruptor (molecular switch) da luz artificial ou natural (chave à compreensão) que promove a passagem ou o bloqueio de transmissão da corrente termoelétrica, contínua até que falte energia ou o sistema e organismo sejam corrompidos por vírus ou outras coisas (dano reparável, parcialmente ou permanente) e receba o beijo da amiga morte através de inimizades ou não, podendo componentes serem descartados ou reutilizados. Memória de curto, médio, longo prazo para humanas(os) e memória flash, RAM, HD às máquinas da informática, sendo que há maior plasticidade na humana do que na máquina menos flexível.

Filme “Johnny Mnemonic, o Cyborg do Futuro”. Fonte em cache: https://giphy.com/gifs/cyberpunk-william-gibson-johnny-mnemonic-11R3FP3FxcRTa0

Negacionismos, negação como impulso primitivo-ancestral. Ameaça climática global, o aumento da demanda e crise energética planetária caberiam aqui?

Autômatos mais sofisticados poderiam reforçar o desemprego estrutural e gerar lucro maior às corporações, diminuindo a oferta de atendentes human@s, indispensáveis em muitos casos?

Nesse ínterim e subcontexto entrelinhas, indaga-se qual território do conhecimento humano deve mais ao outro, Neurociência e Engenharia elétrica-computacional, no sentido de qual modelo serviu de estímulo para a criação outrem ((in)(ter))dependente? Human@s devém às máquinas ou posto contrário? Há coincidência e o acaso incontrolável nisso tudo? Uma coisa é extensão da outra (filiação extensiva). AcasO! AcasΩ! Aplica-se conceito de filiação extensiva nesse intertexto ao considerar suposta relação menor entre as Ciências Humanas e suas tecnologias com as Ciências da Natureza e suas tecnologias, sendo que cada qual conserva filiação intensiva com suas disciplinas próprias (interdisciplinaridade) e sujeitas à transdisciplinaridade (filiação extensiva), prática mais complexa entre áreas de ciências distintas. Aplicação de conceitos psicanalíticos que originalmente foram cunhados para caracterizar relações diferentes das expostas, analogamente às substâncias que foram produzidas, a priori, para sanar determinada condição e resultaram, a posteriori, com o tempo de desenvolvimento experimental e revisões, em eficácia para outras condições, sendo constatada efetividade lógica para o espectro de sentido diferente do anterior.

Lembrando do Doutor Alan Turing e da crueldade acometida sobre esse gênio, advinda possivelmente da ignorância, inveja e manipulação alheia do seu corpo homoafetivo. O procedimento desumano foi compulsório, manipularam como voluntário para ser mais socialmente aceitável e/ou como punitivismo positivista?

Tipos de neurônios. Fonte: http://cienciaviva.org.br/index.php/2020/02/21/as-celulas-do-cerebro/

Então, considerando o sistema nervoso e a estrutura intermediária de um neurônio multipolar incluso nas sinapses e liberação de neurotransmissores, nota-se a bainha de mielina, axônio e o nódulo de Ranvier envolvidos no potencial de ação da membrana com a abertura e fechamento de canais de íons (bomba de sódio e potássio), polarização (carga positiva na imediação extra-celular e negativa na intra-celular conformando potencial de repouso), despolarização (carga Na+ na adjacência intra-celular e negativa na extra-celular resultando potencial excitatório) e repolarização (carga negativa no meio intra-celular e K+ no extra-celular originando potencial limiar excitatório), sentido de condução por repouso-despolarização-repolarização-repouso (retroalimentação).

Eis a aventura arriscada.

Tipos de transistores. Fonte: https://electricconcept.blogspot.com/2015/01/tipos-de-encapsulamentos-de-transistores.html

Enquanto, nota-se para circuitos eletrônicos de máquinas composição por semicondutores (condutividade elétrica intermediária entre condutores e isolantes sólidos) que compõem chips através de diodos, resistores, capacitores e transistores que são geralmente de silício (vale do silício) ou germânio, dopados com átomos de fósforo (P), tipo P (semicondutor positivo) e átomos de boro (B), tipo N (semicondutor negativo). A condutividade elétrica é causada pela excitação de elétrons da camada de valência para a banda de condução, sendo que a energia necessária para o deslocamento de elétrons que qualifica um sólido em condutor, semicondutor ou isolante. Para semicondutores sólidos intrínsecos (puro) e semicondutores sólidos extrínsecos (impuros) a adição de pequena quantidade de impureza (outro elemento) produz um semicondutor do tipo N (impureza doa elétrons à rede) ou do tipo P (impureza produz buracos eletrônicos e falta de elétrons na rede), caracterizando um diodo, junção P(ânodo)N(cátodo) com sua zona neutra de depleção (Camada isolante semipermeável ou impermeável?), promovendo o fluxo de elétrons (corrente elétrica) em um único sentido (não no oposto) e catalisando gerações térmicas que em equilíbrio termodinâmico representa o ritmo de recombinação. Ao passo que transistores bipolares são componentes com três terminais, emissor (E), base (B) e coletor (C), onde no interior da cápsula é constituído por uma junção base-emissor e base-coletor, duas junções semicondutoras de silício ou germânio (materiais semicondutores) fisicamente justapostas, PNP ou NPN, sendo P o material semicondutor com excesso de lacunas e N o material semicondutor com excesso de electrões livres. Um sinal pequeno (estímulo) de corrente à base modula uma forte corrente entre o emissor e o coletor (amplificação), podendo tornar transistores chaves eletrônicas operacionais de controle.

Metaforicamente, seriam chips de circuitos eletrônicos de placas mãe análogos aos componentes dos sistemas nervosos, tipos de semicondutores análogos aos tipos de neurônios e a parte da camada isolante análoga à membrana semipermeável, modelando e modulando a formação de atividades em corpos junto com outros sistemas integrados? Afinal há bilhões de células neuronais que constituem o sistema nervoso de um organismo complexo e bilhões de transistores no circuito eletrônico de um processador avançado.

Considerando perspectivas e modelos topológicos neurocientífico e psicanalítico, — cérebro como continente e mente como conteúdo (⊙), com variações entre essas categorias de acordo com o ângulo macro-micro ou infra-supra dos componentes de conjuntos — através das críticas investidas pela Física à Psicanálise ao longo do tempo, chega-se à conclusão de defesa por meio de uma videoaula onde foi mobilizada reflexão por deslocamento (comentário editado abaixo) sem obtenção direta de feedback do agente promotor da aula virtual.

Sou leigo expressando meu juízo e associações podem ser arriscadas. Por gentileza, há sentido em relacionar as matrizes simbólicas de sinais 1, 2 e 3 com negação (-) e afirmação (+)? Pode-se fazer com sentido relação entre o modelo psicanalítico das matrizes (matemas) com o modelo neurocientífico simplificado do potencial de ação neuronal, evidentemente sem membrana no psicanalítico (vide a videoaula) e com membrana no neurocientífico (vide os disponíveis)? Nesse caso, como fazer Ciência ou Pseudociência se uma coisa não desencadeia a outra? Vide o exemplo transversal da tentativa de refutação da Astrologia pela Psicologia mediante o experimento de Forer e o efeito Barnum. Cientes que afirmar algo pode negar outro algo? Farei proximidade com a análise peripatética para fins didáticos. Neuropsicanálise?

Paralelamente, considera-se o Manifesto Ciborgue da Doutora Donna Haraway com discussão da multiplicidade à formação de modos de apropriação tecnológica, despertando a consciência do porquê da origem e desenvolvimento de alguns projetos e objetificações sujeitas às variáveis e imprevisões transformacionais com consequências que muitas vezes são mantidas em segredos por n-interesses, podendo os dispositivos romperem com limitações congênitas e adquiridas (ajuda) ou serem expropriados para objetivos escusos. Outrora saiu artigo jornalístico com anseio de definir um marco civilizacional nos Direitos Humanos frente as tecnologias futuras de acesso, às vezes impulsionadas por poder, guerra e controle, infelizmente. Que tal também dominarem a fome mundial e tracionarem tentativas de diluição, não é vantajosa materialmente e espiritualmente?

Recentemente foi compartilhado que a diferença entre realidade e ficção é que a ficção precisa fazer sentido. Com humor aquoso suponho ironia à composição anterior. Parafraseia-se com afrouxamento menor o adicional do precisa menos e/ou precisa também para quem consegue reconhecer (Entendedores entenderão!) a dinâmica diegética ((in)(sub))consciente entre Ciência e ficção científica ou não científica, distópica literária e cinematográfica (artística). O exemplo melancólico da rota de fuga retorna à Literatura, com a pulsão de vida à morte menos imediata, instinto de sobrevivência à subexistência (Subsistência, resistência, reexistência?), evasão romântica da realidade no livro “A Quinta Estação” da escritora N. K. Jemisin, apesar da observação de comentários sobre a obra através de um espaço na internet (podcast), corpos políticos atravessados pela conexão dialógica em rede digital-virtual do tecido social que pode ser selvagem. Entre os comentários desse livro ressalta-se a passagem não efêmera duma tecnologia que poderia conseguir transformar rochas em alimentos saborosos. Quem é consciente do que muitos povos vivenciam para conseguir sobreviver indignamente (subsistir, subviver, subexistir) sabe que há muitas pessoas de faixas etárias diferentes que consomem pedaços e bolachas de barro por disfunção social ⇌ individual, pecado da corrupção, falta de políticas públicas solidárias ao direito constitucional humano internacional à água, alimentação, saúde e educação no intuito de promover autonomia e emancipação de acordo com cada realidade local e regional, e das doações “voluntárias” da iniciativa privada (abatimentos), visto que muitas entidades e corporações procuram se isentar da mitigação de suas explorações (Pode uma sonegação ser consentida?), até mesmo a instituição do Estado-nação, forçado por causa do agente etiológico viral Sars-Cov-2 e que tenta recuar, aparentando rejeição (Neurótica, psicótica ou perversa? Quem tá imune, qual condição e estado é permanente? Lesões deletérias e irreversíveis? Transferência e divulgação saudável?) da realidade (verwerfung e foraclusão), com o que deveria ser seus compromissos (agenda política) adequados de mitigação da pandemia. Aplicação de impostos, falta de interesse e conflitos? Tentam se eximirem de responsabilidades socioambientais? Não é fácil administrar um país com o porte do Brasil e ainda mais difícil nessa pandemia. Quem merece ser tratado(a) como “normal”? Normatividades? Voltando, basta uma rápida consulta das palavras-chave “biscoito de barro” no diretório de pesquisa que mais convir para provavelmente as imagens estáticas ou em movimento com ou sem som te despertar ao desejo da mudança desse quadro. Insensibilidade eventual poderá indicar egoísmo existencial, enquanto a frequência da sensação de indiferença com falta de emoção específica e sentimento de empatia ou desejo de atrapalhar esse projeto, mesmo entre alteridade distante, será capaz de beirar psicopatologia do social, perversão? Cada um ajuda, contribui voluntariamente de acordo com suas possibilidades e opções sem fins lucrativos disponíveis durante e após a pandemia da COVID-19. Vidas humanas importam, o outro importa! Quem nunca chorou durante e depois da vida adulta? Qual o significado? Reparam na frequência?

Quem consegue identificar as referências não citadas e implícitas no texto? Só não pratico mais ex-apropriação porque cito o Derrida (“Não há apropriação sem possibilidade de expropriação, sem a confirmação dessa possibilidade”). Algumas autorias estão mortas. Entidades podem cobrar se não citá-las. Plágios, dialogismos, ressignificações e “psicodigitações” no Medium?

Tenho habilitação em Biologia e estudo mais sobre borboletas (Lepidoptera) e isso não limita margem às simulações e emulações de diversas pautas despertadas pela curiosidade inquietante do saber conhecer e articular ativismos, e sim a pobreza de leituras e interpretações que concebem mundos múltiplos convergentes e divergentes (Cosmopolítica), desconhecimento, ausência de produção e revolvimento de conteúdo fértil (Arqueologia, genealogia e ética do saber), que postos ao contrário conferem experiência em determinados assuntos. Entretanto, existem limites de atuações e o abismo entre pessoas legalmente habilitadas, peritas, que podem pertencer à instituição determinada e as que não são, cerceando desempenho de funcionalidades e evitando sobreposições relativas. Mesmo quem não se expõe estará sujeito à crítica em grau variado. À liberdade de expressão com suas consequências! Sabes a diferença entre censura e edição? Boas dosagens de egológicas e elaborações com possíveis pensamentos intrusivos e disfuncionais.

Alexandra Elbakyan, uma das inspirações. Fonte: https://scihub.wikicn.top/

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A. Ferreira-Júnior

Sujeito a meditar, me e te editar, mete edição, meditarem e me editarem. Conteúdo alternativo, (usu)fruto de inquietações e de cronologia complexa.